domingo, 5 de junho de 2016

Recomeços e alteridades

Por: Aline Oliveira

Imaginei esse texto partindo da vontade de abordar os recomeços, aqueles instantes em que nos damos conta da necessidade de refazer algo, ou mesmo, iniciar o que não havíamos feito ainda. Imaginei, e ao deixar os dedos tocarem as teclas do computador, deparei-me com a dificuldade de começá-lo, o primeiro parágrafo é sempre o mais demorado. Optei, assim, por essa confissão.
Ufa, agora posso soltar as ideias mais facilmente… será? Bora. Com o tempo, descobri que escrever era meu imperativo, independente de ser lida ou não. Isso porque escrevo coisas para que fiquem apenas no papel, ou citando uma metáfora de Rubem Alves que gosto muito, coisas que ficam apenas no quarto do nosso eu, aquele cômodo em que nem todo mundo entra; do outro lado, fica tudo aquilo que podemos (ou queremos) expor - o que ocupa a sala de quem somos, onde sempre cabem visitas. Pois bem.
Abro a janela dessa sala para falar do quanto os recomeços são enriquecedores. Os nossos e os dos outros também. Vez ou outra, é preciso mudar a rota, e nessa decisão pode caber o recolhimento ou o mergulho naquilo que nos rodeia. Dos mergulhos, das interações, daquilo que compartilhamos, vêm a troca e o crescimento. Alteridade. Aquele conceito de que somos interdependentes, e o nosso mundo individual existe porque existe também o contato com o mundo do outro.
Uma boa ilustração? Entrevistas, adoro entrevistas! O encontro das ideias, o desvelar de tudo que não sabíamos sobre alguém, a oportunidade de dar atenção ao que uma determinada pessoa tem a dizer. E aí me dá vontade de falar duas pessoas que voltaram com tudo (ressurgir também é recomeçar), e que acompanho há muitos anos: Regina Volpato e Marília Gabriela.
Prazer, eu sou é o nome do novo projeto de Regina, que traz entrevistas semanais em um canal no Youtube. Fora da TV já há algum tempo, ela parece estar cada vez mais perto de nós, com vídeos que tenho adorado acompanhar. Até agora, foram seis convidados - cada um deles com suas singularidades e tanto a dizer. Ao final, quem assiste ainda pode ver a inversão dos papéis, com o entrevistado fazendo uma pergunta àquela que nos entenderia em diversas situações (#reginavolpatomeentenderia feelings).
Gabi, ou Marília Gabriela, como preferir, também apostou em um canal no Youtube. São entrevistas que compõem o espaço Cá entre nós, e vídeos com poesias e leituras, no Só pra lembrar. Além disso, ela voltou a escrever em um blog dentro de seu próprio site. Sem falar no seu retorno ao Instagram, que para mim é o melhor perfil que sigo (quando ela deletou a conta em 2014, foi uma tristeza só. Sério).
Gosto dessa história de procurar sobre um assunto ou uma pessoa, e saber de outra, outra e mais outra. Aprendo tanto, que vale expressar a gratidão ao falar do que tenho assistido. Não aquela da hashtag, dos views e cliques nesses tempos de internet, mas a gratidão que vem de dentro, bem lá do fundo.

P.S. 1 - Falei de tanto, que não soube como terminar o texto, mas acho que deu pra entender.
P.S. 2 - da Regina, eu recomendaria a entrevista com Marianna Armellini; o vídeo já começa com um Prazer, eu sou livre, e aborda uma temática muito importante, o feminismo:

P.S. 3 - da Marília Gabriela, eu recomendaria a Carta para Elis Regina no TV Mulher (nem citei o programa no texto, ops), uma crônica linda, e de se emocionar:


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