Dentre
as poucas certeza que acreditamos existir, a imponência do tempo e seu percurso
é a mais absoluta.
A
coexistência do que já foi e o que há de vir se traduz no presente, por sua
vez, nada mais que um tempo abstrato, que não é passado, nem futuro. Sensação
leve e imperceptível, embora ligeira, assim como a transposição que existe
entre o cair da tarde e o nascer da noite.
No
momento em que minhas palavras preenchem este papel, milhares de eventos se
sucedem. E o que fica depende de cada ser.
Tem
gente que vive de passado. O mesmo sabor, o mesmo aroma, as mesmas manias, os
mesmos caminhos.
Não
mudam, não arriscam galgar evolução. Me vem à mente o sentido da palavra
“desenvolver”, basicamente relacionado à atitude de deixar para trás certos
traços, abrindo espaço então para novas descobertas, como a lagarta que deixa o
casulo e se transforma em borboleta. Esse deixar para trás não significa
abandono, pelo contrário, está mais relacionado à coragem de ver a mudança de
tempo, sentir quando a vida pede uma nova fase, um recomeço, quem sabe...
Quando
me desenvolvo aceito a máxima do tempo como passageiro e me sinto diante do
real sentido da vida: viver cada coisa em seu tempo. Isso me faz lembrar a
simplicidade da voz materna dizendo: “Calma, tem paciência. Se não deu certo
agora, não era pra ser. Vai com calma que você consegue...” Palavras que, de
tão simples, são sábias.
Sei
que nem sempre o mundo espera. Como diz um poema que gosto, de Flora
Figueiredo: “Apesar do tempo e sua pressa desleal...”, realmente, às vezes a
velocidade do tempo choca, e somos forçados a certos atos impensados,
automáticos. Diante disto, reafirmo em mim a necessidade parar, permitir que a
cabeça esfrie e o coração se tranquilize. Se tudo tem um tempo, faço desse
instante o meu tempo. Tem dado certo. Desacelerar-se faz-se necessário.
Amábile Oliveira
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