segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Entre pessoas, textos, livros



É entrega. A gente volta transformado; mais do que isso, volta transtornado. Se não for assim, não aconteceu a reportagem. Além de um sarau, um bate-papo, vi ali uma aula. De jornalismo, de humanidade. Encantada com a identidade que imprime em seus trabalhos, pude ver de perto e ouvir a narrativa de quem só conhecia pelos livros. Eliane Brum.

Entre relatos de reportagens e lembranças dos personagens da literatura da vida real, Eliane falou um pouco de sua época de escola e da relação com a leitura. Na minha casa tinha que ter duas coisas: comida e livro; roupa nunca foi tão importante. Na hora me veio à cabeça um trecho de Meio pão e um livro, texto de Federico García Lorca, escrito em 1931.

[...] Não só de pão vive o homem. Eu, se tivesse fome e estivesse abandonado na rua, não pediria um pão, pediria meio pão e um livro. Critico violentamente os que falam apenas de reivindicações econômicas, sem jamais ressaltar as culturais, que os povos pedem aos gritos.

Ótimo que todos os homens comam; melhor que todos tenham saber. Que gozem todos os frutos do espírito humano, porque o contrário é serem transformados em máquinas a serviço do Estado, convertidos em escravos de uma terrível organização social.

Lamento muito mais por um homem que deseja saber e não pode, do que por um faminto. Este aplaca a fome com um pedaço de pão ou algumas frutas. Mas um homem que têm ânsia de saber e não possui os meios, sofre uma profunda agonia, porque são livros, muitos livros de que necessita. E onde estão esses livros?

Livros! Livros! Palavra mágica que equivale a dizer: ‘amor, amor’, e que os povos deviam pedir como pedem pão ou anseiam por chuva após semearem [...]”

Recebi esse texto de uma professora que é ao mesmo tempo aluna, Jéssica. Como eu, ela acredita na beleza de ensinar e aprender. Assim, dois aliados. Transmitir conhecimento ao outro e dele receber também. Gosto de ler. Os livros, as pessoas, a vida. Percebo que é importante saber que não se está sozinho nessa.

A leitura e a escrita têm o poder de aproximar mundos que são distantes. Acredito profundamente nisso. Eu também, Eliane, eu também!



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